Do auge ao declínio

Com o Brasil enfrentando uma crise política e econômica é difícil vislumbrar a tão falada independência financeira do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), empreendimento que surgiu com a prerrogativa de ser o mais tecnológico em funcionamento no Brasil e o principal marco do ressurgimento da indústria naval brasileira. Há alguns meses, o presidente do EAS, Harro Burmann, convocou a imprensa para dizer que a operação dependia da divulgação da previsibilidade da Petrobras, o que garantiria novos contratos. Agora, o EAS diz que novas normas da Receita Federal publicadas de forma errônea põem em xeque encomendas que estavam sendo negociadas. É difícil acreditar que o órgão federal tenha publicado uma norma de forma equivocada. O fato é que, apesar de empregar mais de 3.500 funcionários e finalmente ter atingido a tão sonhada curva de aprendizado, o EAS ainda luta para viabilizar o funcionamento em solo nacional. Faltam contratos. A dependência de um único contratante – o governo federal – faz com que o projeto fique em uma situação cada vez mais complicada operacional e financeiramente falando.  Sem novas encomendas e finalizando a construção dos navios contratados pela Transpetro, por meio do Programa de Modernização da Frota (Promef), o presidente já fala em encerrar as operações em 2019. Pode ser cedo para cravar uma decisão tão drástica, mas sem que haja mobilização talvez esse seja o destino. A crise do setor só piora. A indústria naval viveu o auge na década de 1970 e foi afundada por uma grave crise do petróleo nos idos de 1980. Agora, é o cenário político e econômico que atrapalha o desenvolvimento do setor. E o principal prejudicado será Pernambuco. Aqui, além do EAS, está funcionando o Promar, que também está em busca de novos contratos que justifiquem a operação. Se nada for feito, Pernambuco será marcado pelo estado que fez ressurgir a indústria naval e que agora acompanha o seu desmonte.

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