Lula contra a reforma da Previdência: ‘Pobre não é o problema deste país’
Falando para centenas de milhares de pessoas que foram à Avenida Paulista, centro de São Paulo, na tarde desta quarta-feira (15), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fechou o principal ato público do Dia Nacional de Paralisações contra as reformas da Previdência e trabalhista propostas pelo governo de Michel Temer. A jornada de mobilizações foi organizada pelos movimentos sociais e centrais sindicais integrantes das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
Num discurso de cerca de 20 minutos, Lula frisou que as reformas pretendidas por Temer são um ataque a direitos dos trabalhadores conquistados em lutas históricas. "Volto hoje aqui com uma certeza. O golpe não foi contra a Dilma. Foi para colocar no poder alguém sem legitimidade para acabar com direitos que levaram anos para serem conquistados. Os exemplos são as reformas trabalhista e da Previdência", disse. O ex-presidente lembrou, porém, que "mesmo sem legitimidade, ele (Temer) construiu uma ampla base política no Congresso Nacional. Uma base obstinada em proibir que milhões de brasileiros se aposentem", ao conclamar a população a ocupar ainda mais as ruas, pressionar os parlamentares e resistir na defesa de seu direito à aposentadoria e à dignidade das condições de trabalho.
"Sempre disse que o pobre não é o problema desse país. Quando colocamos o pobre no Orçamento, vimos que ele é a solução. Tem que ter crédito, financiamento, os bancos públicos têm que trabalhar para a população. Tem que acabar com a lógica de privatização. Para quem não sabe governar, só resta vender. Esse país era respeitado lá fora, na Europa, na China. Agora temos um presidente que não tem coragem de visitar nem países da América Latina", continuou.
Após a fala de Lula, o ato foi dado como encerrado, com o aviso de que este não será o único, enquanto o projeto de reforma da Previdência, que dificulta o acesso da população à aposentadoria, não for derrotado.
Incidente
Um grupo de manifestantes fechou a Avenida Nove de Julho após declarado o fim do ato. A PM prontamente agiu com bombas de efeito moral. Em resposta, os manifestantes atearam fogo em uma barricada para barrar o avanço da polícia. O ato isolado não impediu a dispersão pacífica da manifestação.