Metalúrgicos se unem para debater e combater o racismo
Trabalhadores metalúrgicos durante a abertura política do evento.
O racismo é uma infeliz realidade no Brasil e tema importantíssimo que deve estar presente na pauta das lutas sindicais. Pensando em fortalecer o debate, o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Pernambuco (Sindmetal-PE), ao lado da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), realizou o Curso de Combate ao Racismo e de Construção da Igualdade Racial, voltado para trabalhadores que exercem cargos de liderança dentro da categoria no Estado. “Assim, eles podem repassar esse conhecimento para os demais companheiros e engrossar a luta contra o racismo”, ressalta Henrique Gomes, presidente do Sindmetal-PE.
Henrique Gomes, presidente do Sindmetal-PE, falou sobre a importância do curso.
O evento aconteceu no Sindsprev-PE, na Guabiraba, Região Metropolitana do Recife, nos dias 26, 27 e 28 de julho. Além de Henrique Gomes, participaram da abertura política os Suzineide Rodrigues, presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco; Christiane Santos, secretária de Igualdade Racial da CNM/CUT; Maria das Graças, presidente do Sindsep-PE; Expedito Solaney, da CUT; e Paulo Cayres, presidente da CNM/CUT. “Não adianta negar que existe racismo no Brasil. Existe e é crucial que esse debate seja feito entre os trabalhadores. Por isso começamos a desenvolver este curso em vários estados do Brasil e é da nossa vontade realizar vários outros, como o debate de gênero voltado para a discussão do machismo”, afirma Paulo Cayres.
Paulo Cayres, presidente da CNM/CUT.
À frente da pasta na CNM, Christiane Santos apontou um estudo realizado pela Diesse e que aborda não apenas o racismo, mas também o debate de gênero entre os metalúrgicos. “A mulher negra metalúrgica ganha 49% do salário de um homem branco que ocupa o mesmo cargo, segundo o Dieese. A luta sindical precisa pautar a questão racial, porque os trabalhadores negros são os mais precarizados”, aponta Christiane. Ela conta ainda que eles são os primeiros a serem demitidos. “É importante um curso como esse. É uma questão que tem que estar na nossa mesa, nas nossas reuniões, no nosso dia a dia e na luta sindical”, continua.
Christiane Santos, à frente da pasta na CNM/CUT.
Durante os três dias de curso, em período integral, os 30 participantes puderam assistir a palestras, participar de debates e de dinâmicas de grupo, além de participarem de aulas sobre a história da África, do Brasil e da população negra. “Uma frase que me marcou bastante foi ‘Libertei mil escravos e teria libertado outros mil se eles soubessem que eram escravos’. Um curso muito rico em conhecimento e muito importante para nós diretores. Aprovado”, afirma Jéssica Alves, trabalhadora metalúrgica e diretora de base do Sindmetal-PE.
O intuito agora é de que o conhecimento adquirido seja repassado entre outros trabalhadores para que eles possam atuar consciente de que as questões raciais estão ligadas à luta do trabalhador. “O brasileiro é a miscigenação. Discutir classe, sem discutir raça, orientação sexual, gênero, entre outros assuntos, não adianta. Precisamos aliar forças para combater o racismo e começa em assumir a nossa identidade negra”, destaca Henrique Gomes.