Vigília por Lula livre alcança R$ 1 milhão em doações
No início da semana, Lula completou 100 dias de cárcere na sede da Polícia Federal de Curitiba. Bem ao lado, desde o primeiro dia, 7 de abril, apoiadores organizam uma vigília de resistência. Bom dia, boa tarde e boa noite, entoados em coro, todos os dias. Luzes ao anoitecer para que o ex-presidente saiba da presença deles. Muitos ficam alguns poucos dias e voltam depois, outros estão lá desde o início.
De longe, muitos apoiam. Nesta mesma semana dos 100 dias, o mecanismo de financiamento coletivo ultrapassou R$ 1 milhão de arrecadação para a manutenção da Vigília Lula Livre.
Na segunda-feira (16), a vigília mudou de lugar. A organização alugou um terreno bem em frente ao prédio da Superintendência da Polícia Federal, o que aproximou mais os militantes das instalações. A mudança foi acertada com as autoridades locais e assegurar o direito de ir e vir dos manifestantes.
Florisvaldo Souza, um dos coordenadores da vigília, conta que a solidariedade encontrada na sociedade vai ainda além do dinheiro. “A vigília se mantém com doações. Além dessas doações em dinheiro, contamos com uma rede de solidariedade em Curitiba muito grande. Então, recebemos alimentos, cobertores, roupas. É muito legal ver a solidariedade do povo com a vigília, que só cresce do início.”
Ao longo desses dias, líderes de diversos segmentos passaram por lá. Cidadãos anônimos de várias parte dos país e personalidades da política, da cultura, das artes, da academia. De partidos diversos e de movimentos, da cidade e do campo.
Para o coordenador, a solidariedade reforça a ideia de que Lula é um preso político e que vale a luta. “Essa ideia cresce a cada dia na sociedade. Principalmente por causa das lambanças do Judiciário. Eles foram totalmente expostos e vejo que, a cada dia, fica mais claro que essa prisão é ilegal, ilegítima, injusta.”
Souza defende a "briga" em todos os espaços jurídicos, mas também nas ruas. Primeiro pela liberdade do Lula e em segundo lugar pelo direito dele ser candidato. "Esse é nosso horizonte e vamos colocar todas nossas energias ai. Agora, sabemos o caráter do golpe. Não fizeram isso para devolver o governo nesse espaço de tempo. Mas, com muita mobilização, mantendo essa pressão, chega um momento em que o povo consegue derrubar essa sacanagem toda. O que pode reverter esse jogo é uma forte pressão popular", completa.
O secretário nacional de Finanças e Planejamento do PT, Emidio de Souza, reafirma que a mobilização da sociedade pode reverter a situação de Lula, e que o financiamento fez parte desse conjunto de esforços. “Vítima de uma injusta prisão, Lula precisa de nosso empenho. Nosso apoio dá ainda mais forças para o melhor presidente que esse país já teve. Ao atingir R$ 1 milhão em doações para a Vigília Lula Livre, a militância mostra que a solidariedade ao presidente é mais forte do que nunca”.
Mensagem de Lula
Também para marcar a semana dos 100 dias de prisão, foi divulgado hoje (17) um vídeo inédito de Lula para os brasileiros. Em mensagem gravada do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, horas antes de ser levado para o cárcere, Lula afirma que se transformou “no cidadão mais indignado deste país”.
“O juiz Moro sabe que sou inocente. Os juízes do TRF4 sabem que sou inocente. Queria que eles julgassem o mérito do processo. O mérito da acusação contra a mim. Que lessem a defesa das acusações e encontrassem um crime que eu cometi. E aí eles poderiam me prender tranquilamente e eu acataria com todo respeito a decisão.”
“Eu acho que precisamos acreditar que a Justiça é para fazer justiça. Eu acho que tem uma coisa muito grave acontecendo. Parece que eu sou um sonho de consumo dos juízes que me julgaram e do juiz Moro porque me parece que eles não querem, em hipótese alguma, junto com a Rede Globo de Televisão e outros instrumentos de comunicação no Brasil que a Lava Jato acabe ou que eu seja inocentado antes de ser preso”, disse.
O ex-presidente ainda argumentou com a necessidade de julgamento de mérito do processo que o condenou, relacionado ao triplex do Guarujá, em âmbito da Operação Lava Jato. “Não posso aceitar essa decisão como uma coisa normal. Se essa gente quer fazer política, é melhor deixar suas funções no Estado brasileiro de representação de uma função pública e entre em um partido e se candidate e venha fazer política. Mas fazer política na Polícia Federal, no Ministério Público e no Judiciário é um equívoco que o Brasil não pode permitir."