Sindmetal-pe realiza seminário sobre a Violência Policial Contra a População Negra

“A violência policial contra a população negra” é uma realidade dolorosa e persistente em muitos países, incluindo o Brasil. Esse fenômeno, enraizado no racismo estrutural, manifesta-se de diversas formas, desde abordagens agressivas até a letalidade policial, impactando profundamente a vida das comunidades negras. O seminário organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Pernambuco (Sindmetal-PE), através da Secretaria de Igualdade Racial, buscou trazer esse tema tão importante para o nosso país, promovendo discussões e estratégias de enfrentamento.

O evento, realizado no Clube dos Servidores em Recife, Pernambuco, e de maneira online, em 19 de julho, trouxe duas mesas de debate com lideranças políticas, ativistas e lideranças comunitárias. A primeira mesa foi composta pelo presidente do Sindmetal-PE, José Edinilson, o Secretário Geral do Sindmetal-PE, Abinadabe Santos, o Presidente do Clube dos Servidores (ASPCRE), Milson Martins, o Presidente do Quilombo do Barro Branco, de Belo Jardim, Ubirassi, e a secretária de Igualdade Racial da CNM/CUT, Christiane Santos e a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT Pernambuco, Jorgiane Araújo. A mesa também contou com a participação remota do Presidente da CNM Nacional, Loricardo de Oliveira.

“A violência policial contra a população negra é uma chaga aberta em nossa sociedade. Nós, do Sindmetal-PE, estamos comprometidos em combater essa injustiça. É fundamental que reconheçamos o racismo estrutural presente nas instituições e que lutemos para erradicá-lo. Nossa mobilização aqui hoje é um passo importante nessa direção,” destacou o presidente José Edinilson.

Os sindicatos têm um papel vital na defesa dos direitos humanos e na promoção da justiça social. Eles devem ser uma voz ativa contra a opressão, utilizando sua estrutura e influência para pressionar por mudanças nas políticas públicas e no comportamento das forças de segurança.

A segunda mesa foi composta pela secretária de Igualdade Racial da CNM/CUT, Christiane Santos, o coordenador Estadual do Movimento Negro Unificado (MNU), Adeildo Araújo, e a Juíza do Trabalho do TRT6, titular da 1ª Vara do Trabalho de Olinda, Ana Cristina da Silva, que é mestre em Direitos Humanos e coordenadora do comitê gestor regional do Programa de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade do TRT6.

“Desde o início da colonização, o sistema tem oprimido o povo negro. Embora a escravidão tenha sido abolida, os negros não receberam meios adequados para adquirir terras e viver com dignidade. Além disso, foram privados do acesso à educação. A violência, em suas diversas formas, sempre foi a principal ferramenta de opressão contra a população negra,” abordou em sua fala o coordenador Estadual do Movimento Negro Unificado (MNU), Adeildo Araújo.

“A maioria dos policiais são negros, mas durante seu treinamento sofrem um processo de ‘embranquecimento mental’, onde são ensinados a ver seus próprios semelhantes como os principais suspeitos de crimes. A violência policial é apenas a ponta do iceberg de um processo de destruição promovido pelo perverso sistema capitalista contra a população negra,” completou.

Entre os pontos apresentados pela secretária de Igualdade Racial da CNM/CUT, Christiane Santos, estava a desmilitarização da Polícia Militar brasileira.

“Precisamos discutir a desmilitarização da Polícia Militar. Atualmente, a PM não está a serviço da proteção do povo, mas sim do estado. Funcionando como um braço do exército, a PM não é treinada para dialogar, mas para destruir o inimigo – e esse inimigo, muitas vezes, é o povo preto, pobre e periférico. Como movimento sindical, que luta pelo bem-estar da população, devemos nos indignar e agir contra a violência racista perpetuada pela polícia. É nossa responsabilidade defender a justiça e garantir que a segurança pública seja realmente voltada para a proteção de todos os cidadãos, sem discriminação.”

Completando os debates da mesa, a Juíza do Trabalho do TRT6, Ana Cristina da Silva, trouxe um pouco da sua vivência na luta antirracista dentro do sistema jurídico. “Precisamos ser antirracistas em todos os âmbitos, tanto no ambiente judicial quanto no social. Temos promovido diversas formações de letramento racial em diferentes áreas do tribunal, mas é fundamental que esse compromisso se estenda a toda a sociedade. O combate ao racismo deve ser uma prioridade em todas as esferas, incluindo a educação, o mercado de trabalho, a saúde e a segurança pública. Ser antirracista não é apenas um posicionamento, mas uma prática contínua de questionar e desmantelar estruturas discriminatórias, criando espaços inclusivos e igualitários para todos. Somente assim poderemos avançar rumo a uma sociedade mais justa e equitativa.”

Entre as diversas lideranças que se fizeram presentes no seminário estavam a deputada estadual (PT-PE), Rosa Amorim, a ex-presidenta dos Bancários e pré-candidata a vereadora, Suzineide Rodrigues, e o Secretário de Combate ao Racismo da CUT-PE, Gilson de Góes.

“Precisamos reconhecer que o Brasil é um país racista, e isso se reflete nas estruturas sociais de nossa nação. A população negra é extremamente criminalizada e, acima de tudo, é alvo constante. Todos os dias, há balas perdidas nas periferias do país, mas essas balas sempre encontram o corpo de um negro,” destacou a deputada.

A mensagem central do evento foi clara: a luta contra o racismo e a violência policial não pode ser travada de forma isolada. É preciso um esforço conjunto, envolvendo todas as esferas da sociedade, para promover mudanças estruturais e garantir que a segurança e a dignidade sejam direitos de todos e todas.

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