No páreo e convocando a militância para as ruas

Um dia depois de ser condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) a 12 anos e um mês de prisão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não respeitará a decisão da Justiça. Em ato que aprovou a pré-candidatura de Lula ao Palácio do Planalto, ontem, o ex-presidente conclamou os militantes a uma ofensiva nas ruas para seguir com a campanha, “mesmo se acontecer alguma coisa indesejável”, e pregou o enfrentamento.

“Esse ser humano simpático que está falando com vocês não tem nenhuma razão para respeitar a decisão de ontem”, afirmou o ex-presidente, em reunião da Executiva Nacional do PT. “Quando as pessoas se comportam como juízes, sempre respeitei, mas, quando se comportam como dirigentes de partido político, contando inverdades, realmente não posso respeitar. Se não perderei o respeito da minha neta de seis meses, dos meus filhos e perderei o respeito de vocês”, insistiu.

As afirmações foram feitas antes da decisão da Justiça Federal do Distrito Federal, acatada pelo ex-presidente, de apreender seu passaporte. Com a voz que ficou embargada algumas vezes, Lula fez questão de destacar que retomará as caravanas pelo Brasil, depois do carnaval, mas apelou ao PT e aos movimentos sociais para que o ajudem no embate nas ruas. “Espero que a candidatura não dependa do Lula. Que vocês sejam capazes de fazê-la, mesmo se acontecer alguma coisa indesejável, e colocar o povo brasileiro em movimento”. 

O maior temor do PT, agora, é que Lula seja preso antes do registro da candidatura, que o partido pretende fazer em 15 de agosto, último dia do prazo estabelecido pela Lei Eleitoral.

Ao pedir empenho na briga política, Lula destacou que ninguém deve manter ilusões se não reagir. “Dissemos que não ia ter golpe e teve, que não ia ter impeachment e teve. Eles se organizaram usando o aparelho de Estado. Não é preciso mais canhão”, afirmou.

Em um discurso inflamado, na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o ex-presidente disse que o Judiciário, a imprensa e a elite formaram um “cartel” para destruir o PT e tirá-lo do jogo eleitoral. “Somente ontem eu compreendi o que é um cartel. Precisava até mandar para o Cade”, ironizou ele, em uma referência ao Conselho Administrativa de Defesa Econômica.

Ao lembrar que enfrenta outros processos, Lula voltou a pregar a reação dos militantes. “Ou vocês percebem que o que está sendo julgado é a forma que governamos o País e se organizam, ou o próximo passo será a tentativa de criminalizarem o PT, porque estão tentando dizer que o PT é uma organização criminosa”, afirmou. (Da Agência Estado)

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