FMI: é melhor atrasar a reforma

O diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Alejandro Werner, afirmou ontem que a reforma da Previdência Social é muito importante no Brasil e que “um atraso de 4 ou 5 meses não é tão ruim quanto aprovar uma reforma fraca, às pressas, o que poderia dar sinal de fraqueza”.

Segundo Werner, o que é relevante é “a força, qualidade e timing da reforma da Previdência”, pois ela terá efeitos de longo prazo para os brasileiros, destacou em teleconferência. Na avaliação do diretor do FMI, o Brasil está em processo de recuperação que até surpreendeu de certa forma técnicos do Fundo, o que levou a instituição a elevar as projeções de crescimento do País de 0,7% para 1,1% em 2017 e de 1,5% para 1,9% para este ano.

Em relação a 2019, a previsão aumentou de 2,0% para 2,1%. “A queda da inflação e redução dos juros influenciaram nossa decisão de alterar tais previsões”, comentou.

Enquanto no Brasil o governo tem dificuldades de aprovar uma reforma da Previdência com o aumento da idade mínima entre outros pontos de mudança, as discussões no mundo são incentivar jovens a não dependerem mais do sistema público e a criação de fundos autofinanciáveis. O tema foi debatido hoje no painel “Vamos viver até os 100, nas poderemos sustentar isso?”, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, e contou com a participação do ministro da Fazenda do Brasil, Henrique Meirelles.

Em outra apresentação, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que a reforma da Previdência é “muito importante” para a consolidação fiscal durante os próximos anos no Brasil. “É um desafio, claro, como em outros países, mas estou confiante de que será votada agora em fevereiro”, disse durante um painel sobre o crescimento da economia nos países emergentes.

“Enfatizamos que o sistema geral no Brasil cobrirá, com a reforma, toda a população, mas em bases iguais e mais justas para o setor público e privado e que o setor público já passe a ter um sistema autofinaciável para quem ganha mais”, descreveu Meirelles.

A diferença, de acordo com o ministro, é que no Brasil existe a garantia de um sistema geral com financiamento público para todos. “Mas com idade mínima, com um sistema mais balanceado e equilibrado com a sustentabilidade fiscal’, pontuou.

Impostos
Henrique Meirelles disse ontem que não há um plano B no governo caso a reforma da Previdência seja engavetada e reafirmou estar confiante de que o texto será aprovado em fevereiro no Congresso. Meirelles descartou elevar impostos e ressaltou que as medidas do governo para o ajuste fiscal são mais pelo lado do controle de despesas.

Meirelles começou a entrevista afirmando que a agência de classificação de risco S&P Global Ratings deixou “muito claro” os motivos que provocaram o rebaixamento do rating soberano do Brasil e o principal deles foi a não aprovação da reforma da Previdência até agora.

“Mais importante, eles (a S&P) indicaram o que será necessário para a melhora do rating que é a votação da reforma, que acredito que será agora, e em segundo lugar, que o Brasil cresça em 2018, que é um fato dado, porque o Brasil está crescendo”, disse ele, mencionando ainda como um terceiro fator a eleição presidencial. (AE)

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