Tríplex ‘de Lula’ foi invadido pelo MTST

O grupo de manifestantes que às 8h30 ocupou o tríplex no Guarujá atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava-Jato, deixou pacificamente o prédio por volta de 11h30 de ontem. Integrantes da Frente Povo Sem Medo e do MTST deixaram o local, depois de 3 horas, após conversar com a Polícia Militar.

Além da ocupação, havia ainda um grupo de 70 apoiadores em frente ao triplex, com faixas dizendo “Se é do Lula, é nosso”, “Se não é, por que prendeu?” e “Povo sem Medo”. “É uma denúncia da farsa judicial que levou Lula à prisão. Se o triplex é dele, então o povo está autorizado a ficar lá. Se não é, precisam explicar porque ele está preso”, disse o pré-candidato à Presidência do PSol, Guilherme Boulos, que também participou do ato, nas redes sociais. A também pré-candidata Manuela D’Ávila (PCdoB) manifestou-se a favor do ato em sua conta no Twitter, assim como o senador Lindbergh Farias (PT).

Representantes das polícias Civil e Militar, além de advogados dos manifestantes fizeram uma vistoria prévia no condomínio e apartamento para verificar se há indícios de depredação ou arrombamentos. A Polícia Federal instaurou, na tarde um inquérito para apurar a invasão.

De acordo com o coronel do 21° Batalhão de Polícia Militar do Interior, Luiz Fernando Stefani, não houve negociação, mas um acordo para a saída dos manifestantes até as 11h45. “Eles disseram que a ocupação era simbólica e resolveram sair pacificamente”, disse. 

Um dos advogados do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Ramon Koelle, afirma que não houve arrombamento do portão e nem da porta do apartamento e que tudo se deu pacificamente e sem danos ao condômino. “Fizemos um acordo para ninguém se machucar. Tínhamos senhoras e senhores de idade lá dentro e não queríamos confronto. Nossa mensagem era de que se o apartamento é do Lula, entramos lá como convidados, pois somos amigos”, declarou.

Recado de Lula
O ex-presidente Lula, preso em Curitiba, mandou um recado para a militância que segue acampada em frente à PF em defesa dele. “Continuo acreditando na Justiça e por isso estou tranquilo, mas indignado como todo inocente fica indignado quando é injustiçado”, escreveu. Lula disse que ouviu o que os manifestantes cantaram e que está agradecido pela presença e resistência de todos. Afirmou que continua desafiando PF, MMP, o juiz Sergio Moro e a 2ª instância a provarem o crime que supostamente cometeu. (AE e Folhapress)

Acampamento removido

A Secretaria de Segurança Pública do Paraná afirmou ontem, por meio de nota, que chegou a um acordo com lideranças do acampamento “Lula Livre” para que deixem o entorno da Polícia Federal, em Curitiba, até as 18h de hoje. Como contrapartida, a Prefeitura deve pedir a suspensão da ação que resultou em multa de R$ 500 mil para cada dia após decisão judicial que proibiu a ocupação do local.

De acordo com a polícia, “houve uma reunião na manhã de ontem com representantes dos manifestantes pró-Lula que estão acampados no entorno da sede da Polícia Federal, no bairro Santa Cândida, em Curitiba, além de membros da CUT (Central Única dos Trabalhadores), do MST (Movimento Sem-Terra) e do Partido dos Trabalhadores, assim como do Ministério Público Estadual, da PF, da Prefeitura de Curitiba, do Departamento de Inteligência do estado do Paraná, além do comando da Polícia Militar”.

“Ficou acordado que os manifestantes vão desmobilizar até as 18h desta terça-feira (hoje) o acampamento montado próximo à PF – podendo permanecer, em um imóvel particular, quatro tendas para prestar apoio aos manifestantes. A Prefeitura de Curitiba disponibilizou o Parque do Atuba que será usado pelos manifestantes. O movimento de apoio ao ex-presidente poderá fazer manifestações até as 21h e com o uso de som até as 19h30”, afirmou a Segurança Pública, por meio de nota. Os manifestantes já haviam sido proibidos pela Justiça de frequentar o entorno da PF. No entanto, vinham descumprindo as decisões judiciais. (AE)

 

Partidos se unem em nota

Após uma semana de conversas para ajustar o tom da mensagem, PT, PCdoB, PDT e PSol divulgaram uma nota conjunta em solidariedade ao ex-presidente Lula, onde chamam o encarceramento do petista de “perseguição política”.

Dos partidos do bloco de esquerda, só o PSB, do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, não assina o documento. “O encarceramento apressado e injustificado do ex-presidente Lula, contra o qual não há uma única prova minimamente sólida de culpa, agrava sobremaneira o perigoso e crescente clima de ódio e de instabilidade política que tomou conta do país. A decisão, destituída de fundamentos jurídicos sólidos, configura ato de perseguição política, que tende a aprofundar a gravíssima crise econômica, social e política do Brasil”, diz a nota.

PDT, PCdoB e PSOL disputam o eleitorado do petista. O presidente do PSB, Carlos Siqueira, chegou a ser consultado sobre o documento e fez sugestões de mudanças, mas elas não foram atendidas. A nota diz que a prisão de Lula foi feita “ao arrepio da Constituição Federal” e agride a democracia brasileira e a presunção de inocência. (AE)

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