ABC: trabalhadores na Mercedes entram em greve por acordo coletivo
Em assembleia conjunta na manhã de ontem, os trabalhadores na Mercedes, em São Bernardo do Campo, aprovaram a greve por tempo indeterminado até que a montadora apresente uma proposta de acordo coletivo que atenda às reivindicações de reajuste salarial, cláusulas sociais e PLR.
Não houve produção na fábrica ontem. Nova assembleia está marcada para hoje, às 7h30, para tirar os encaminhamentos do movimento.
“Queremos chegar a um bom acordo e, para isso, temos que ser um só, com solidariedade entre nós. Temos certeza absoluta que a pauta que colocamos na mesa de negociação é justa, correta e possível de ser atendida”, afirmou o diretor Administrativo do Sindicato, Moisés Selerges.
“A empresa fala que o País está uma porcaria porque não teve reforma da Previdência e os trabalhadores aqui é que vão pagar? Que fale isso para a Merkel na Alemanha. O Brasil está como está porque não existe uma política de crescimento do País”, criticou.
O coordenador do CSE na montadora, Ângelo Máximo de Oliveira Pinho, o Max, explicou que há uma mudança na situação da fábrica.
“A produção está crescendo, vários companheiros estão pela primeira vez participando de uma assembleia na porta da fábrica. A empresa está em uma contradição enorme, contratando e ao mesmo tempo falando que tem que demitir pessoas para reduzir custos”, disse.
O coordenador lembrou que o Sindicato sempre defendeu o processo de negociação. Nas grandes greves das décadas de 70 e 80, o principal objetivo era fazer o patrão sentar com a representação sindical para negociar porque não havia espaço para dialogar.
“Qualquer decisão que interfira na vida dos trabalhadores precisa ser discutida com a representação sindical, mas se a empresa só quer impor sua decisão, precisamos ir além do processo de negociação”, prosseguiu.
No dia 2 de maio, os companheiros na Mercedes iniciaram as mobilizações internas com paradas e passeatas pela fábrica para pressionar a negociação. Em assembleias internas, aprovaram a disposição de luta e greve caso a empresa não avançasse na proposta.
“A mobilização é muito importante para mostrar para a empresa que o Sindicato representa o sentimento dos trabalhadores. A Mercedes insiste em zero de reajuste salarial e pagamento em abono, mas a direção precisa entender que queremos a incorporação no salário”, concluiu.
As negociações de data-base foram iniciadas em abril. Outro item da pauta dos metalúrgicos na fábrica é a defesa de uma PLR maior.
O secretário-geral do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva, ressaltou que, além de tudo isso, a empresa quer retirar as cláusulas sociais. “Temos que discutir e definir juntos os encaminhamentos da nossa vida dentro da fábrica. A companheirada sabe o que está em jogo”, disse.
A empresa quer excluir itens como a cláusula de estabilidade ao acidentado, a complementação salarial até 120 dias de afastamento e a cláusula de salário admissão. O Sindicato defende a manutenção de todas as cláusulas e a inclusão de uma cláusula de salvaguarda contra a reforma Trabalhista.
(Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos do ABC)
FONTE-PORTAL CNMCUT