25 de julho dia da Mulher Negra latino-Americana e Caribenha
Dia 25 de Julho é data para rememorar a luta das mulheres negras latino-americanas e caribenhas para uma sociedade mais justa. É dia também de relembrar a história de Tereza de Benguela, líder quilombola símbolo da resistência contra a escravização, mas, séculos após a luta de Tereza de Benguela, retrocessos e falta de efetivação de políticas públicas voltadas para a redução da desigualdade ameaçam, de maneira mais acentuada, a vida de mulheres negras. Exemplo disso é o corte na política de titulação de territórios quilombolas e em programas de promoção da igualdade racial e superação do racismo.
As mulheres negras são maioria nos piores indicadores sociais e econômicos do Brasil. São as mulheres negras que enfrentam cotidianamente as mais perversas manifestações de violência na sociedade brasileira. Violências de toda ordem, em todas as dimensões da vida: na casa, na rua, na escola, no lazer, no trabalho, no sistema de saúde, nas diversas instituições do Estado.
Segundo pesquisas, houve um aumento de 30,7% no número de mulheres assassinadas de 2007 a 2017, ano em que foram mortas 4 936 mulheres (a maior quantidade desde 2007), ou seja, cerca de catorze por dia.
As mulheres negras foram as mais atingidas, representando 66% de todas essas vítimas. No mesmo período, o feminicídio de negras teve um crescimento de 30% (5,6 para cada grupo de 100 mil mulheres), ao passo que o de não negras cresceu 1,6% (3,2 para cada grupo de 100 mil). O bastante superior da violência contra mulheres negras evidencia a inabilidade do Estado brasileiro para desenvolver políticas públicas específicas e necessárias ao aumento grupo racial mais atingido.
Ainda de acordo com o instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) um estudo aponta como a desigualdade ainda está presente na distribuição de cargos gerenciais: somente 29,9% deles são exercidos por pessoas pretas e pardas. Quanto mais alto o salário, menor é o número de pessoas pretas e pardas que ocupam esses postos.
Além de ganharem menos, pretos ou pardos representam cerca de dois terços da população desocupada que hoje passa de 12 milhões de pessoas e 66,1% do grupo dos subutilizados, que inclui, além dos desocupados, os subocupados e a força de trabalho potencial
No dia 25 de julho, não é só o dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela, mas também o espaço de discussão construído a partir do reconhecimento desta data.