Pelo direito de eleger um boneco inflável como vice-presidente em 2018

Ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Foto: Evaristo Sá/AFP

 

''Esse negócio de vice é até interessante.'' A declaração do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, foi dada em uma palestra a empresários, nesta segunda (30), em São Paulo. Depois, claro, ele disse que era uma brincadeira. Na verdade, a velha tática brasileira do dizer e desdizer para que todo mundo faça de conta que era tudo faz-de-conta.

 

Mas ele tem razão. Esse negócio de vice é interessante no Brasil. Sarney assumiu o lugar de Tancredo após sua morte.Itamar, a de Collor após um impeachment. Temer, a de Dilma após outro impeachment. Não se tem notícia de que Sarney e Itamar ajudaram a empurrar seus antecessores para fora, mas o mesmo não se pode dizer de Temer.

 

E há uma predestinação tão inexplicável nesse negócio que, após a infeliz e trágica morte de Eduardo Campos por conta da queda do avião em que estava, durante a campanha de 2014, Marina Silva, sua vice, assume a candidatura.

 

Hoje, na ausência de Temer, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, senta-se na cadeira presidencial. Tendo a certeza do que um vice é capaz, Temer não desgruda o olho de seu aliado no Congresso Nacional. Que, vira e mexe, é sondado para fazer com Temer o que Temer fez com Dilma.

 

Com a queda do prefeito de São Paulo, João Doria, nas pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais do ano que vem, circula um balão de ensaio com a ideia de uma chapa ''puro sangue'' Alckmin, candidato, Doria, vice. Não se sabe de onde o boato surgiu, mas um deputado tucano me afirmou que isso é impossível de ocorrer porque ''o governador não é besta''.

 

Discutiu-se no arremedo da Reforma Política levada a cabo pelo Congresso Nacional extinguir o cargo de vice. Afinal de contas, vivemos um mundo online e o mandatário está conectado ao que acontece no país, no estado, no município mesmo à distância. A proposta foi rejeitada.

 

Dada a dificuldade de encontrar perfis discretos, leais e reservados como o de Marco Maciel (vice de Fernando Henrique) e o de José Alencar (o vice de Lula) e dado que a população raramente olha para a foto do vice na hora de votar na urna eletrônica, os parlamentares deveriam ter tido a bondade de, ao menos, ter aprovado a possibilidade de eleger bonecos infláveis ou animais da flora brasileira como vice em eleições presidenciais. 

 

Certamente, ter um inflável no Palácio do Jaburu nos traria menos depressão e ansiedade. ''Esse negócio de vice é até interessante.'' A pergunta é: para quem? Para a democracia que não tem sido.

 

Fonte: https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2017/10/30/pelo-direito-de-eleger-um-boneco-inflavel-como-vice-presidente-em-2018/

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