Gleisi: derrota do governo criou clima para reverter votação da Reforma Trabalhista

Eleita neste mês presidenta do PT, a senadora pelo Paraná Gleisi Hoffmann comanda uma bancada que tem a missão de liderar o enfrentamento à artilharia do ilegítimo Michel Temer (PMDB) contra os direitos trabalhistas.

A estratégia do governo é acelerar o trâmite das reformas diante do pouco tempo que parece restar a Temer sob uma série de denúncias e investigações que minam seu quase inexistente apoio popular.

Resta o apoio da bancada conservadora, que se esfarela cada vez mais. Pressionado pelos movimentos que lutam para manter as conquistas trabalhistas e sociais, e pelo empresariado que financiou o golpe e agora não vê mais em Temer condições de entregar o pacote de precarizações desejado, o governo ainda assistiu à proposta de reforma Trabalhista, contida no Projeto de Lei da Câmara (PLC) 38/2017, ser derrotada na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) com votos de sua base.

O texto agora segue para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado e começa a ser discutido na próxima quarta-feira (28).

Em entrevista ao Portal da CUT nessa sexta-feira (23), Gleisi fala sobre o clima entre os parlamentares e a repercussão do lançamento da plataforma ‘Na Pressão’ que a CUT anunciou na última quinta-feira (22) como uma ferramenta de convencimento dos parlamentares contra os retrocessos de Temer, é que já propiciou o envio de 300 mil e-mails em apenas três dias.

Como repercutiu na base do governo a derrota na CAS? Há chance de derrubar a reforma Trabalhista na CCJ?
Gleisi Hoffmann –
 Há clima de terrorismo por parte do governo em cima dos parlamentares, de cobrança, ameaça de retirar cargos e de não liberar recursos para os senadores de sua base. O governo está usando essa estratégia. Também há um clima de constrangimento de uma parte dos parlamentares da base em relação à reforma Trabalhista, principalmente após a rejeição na Comissão de Assuntos Sociais, que analisa o mérito da matéria. Isso, somado à continuidade das denúncias envolvendo o governo Temer, cria um clima que pode nos ajudar muito na CCJ para buscar uma vitória sobre o relator.

Estamos trabalhando para derrubar esse projeto, conversamos com senadores, preparamos nossa argumentação e temos duas audiências públicas na próxima terça-feira (27) que antecede a discussão da matéria na comissão.

O Portal ‘Na Pressão’ que a CUT lançou nesta semana já repercutiu no Congresso?
Gleisi – Hoje (a entrevista aconteceu no último dia 23) não houve sessão na Casa e ontem foi adiantada, não foi deliberativa, mas a repercussão nas redes sociais foi grande. Acredito que n a próxima segunda-feira seremos capazes de medir o impacto desse instrumento muito importante em relação ao convencimento dos trabalhadores para não votarem a favor da reforma Trabalhista.

A senhora recebeu mensagens?
Gleisi – Recebi várias, tanta da CUT quanto por meio de grupos no whatsapp dos quais faço parte, a plataforma tem sido muito bem divulgada.

A senhora acredita que esse método é eficiente para mudar o voto dos parlamentares?
Gleisi –
 É um método muito importante, mas que deve ser utilizado com outras formas de pressão, como a Greve Geral que está sendo convocada para o dia 30, manifestações de rua, conversa com parlamentares nos estados que representam. Mas, sem dúvida nenhuma, em tempos de comunicação em rede, ajuda muito a influenciar.

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