Estaleiro Atlântico Sul cogita fechar em 2019
Estaleiro emprega 3,8 mil pessoas
Foto: Ricardo Labastier/Arquivo JC Imagem
A falta de novas encomendas ameaça o futuro de um dos maiores empreendimentos de Suape, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS), que atualmente emprega 3,8 mil pessoas. Ontem, o presidente do EAS, Harro Burmann, admitiu, ao jornal Valor Econômico, que há um risco alto de paralisação das atividades da empresa a partir do fim de 2019.
O EAS só tem mais cinco navios encomendados – todos pela Transpetro – com entrega até 2019, segundo informações do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco, Henrique Gomes. No fim do ano passado, até veio um suspiro: um contrato com a South American Tanker Company Navegação (Satco) prevendo a compra de oito navios. "Esse contrato não foi formalizado", lamentou Henrique, em conversa ao JC.
Segundo ele, o que está ameaçando o encerramento das atividades do EAS é o fato de que o governo federal está estimulando a retirada da exigência de conteúdo nacional na fabricação dos navios, porque seria mais barato importar a embarcação inteira da China ou da Índia. Atualmente, 75% das embarcações devem ser fabricadas no País.
Gomes revela também que a crise do Atlântico Sul atinge o Vard Promar, também em Suape, que receberia encomendas do primeiro se houvesse o contrato com a Sacto. Atualmente, o Vard trabalha na fabricação de quatro navios, sendo dois já praticamente prontos. Com isso, argumenta Henrique Gomes, a desmobilização no Vard Promar pode ser iniciada ainda este ano.
Se o cenário for confirmado, o impacto no fechamento de postos de trabalho é preocupante. "Seriam fechadas 26 mil vagas de trabalho (diretas e indiretas) no Estado, caso esses dois estaleiros fechem", contabiliza Henrique. "Vamos fazer um ato no começo de julho para levar os deputados e senadores a comprar a nossa briga e interceder para que esses empregos continuem em Pernambuco", adianta o presidente do Sindmetal-PE.
SETOR
A indústria naval é similar a automotiva e precisa de um número muito grande de fornecedores. Por isso, gera muito emprego. No Brasil, o setor ressurgiu incentivando principalmente pela Petrobras e os planos de expansão que incluíam o pré-sal. Com a crise econômica e a Operação Lava Jato, a petrolífera iniciou um programa de desinvestimento e a indústria naval foi uma das que sofreu com essa mudança.
O EAS foi procurado pelo JC e disse que se posicionaria apenas nesta quarta-feira (14). O Avrd Primar não foi localizado.
Fonte: Jornal do Commercio