Há 42 anos, ditadura matava sob tortura o jornalista Vladimir Herzog

Luís Alberto Alves/CNTQ

O dia 25 de outubro de 1975 seria o último da vida do jornalista Vladimir Herzog, que trabalhava na TV Cultura. Intimado, ele compareceu às 8h da manhã daquele sábado ao DOI/Codi (órgão repressor do governo responsável por dezenas de mortes na década de 1970), na Rua Tutóia, bairro do Paraíso, Zona Sul de SP, onde hoje funciona o 36º Distrito Policial.

Ameaças de fuzilamento e barreiras policiais não impediram as pessoas de chegar até a Praça da Sé onde ocorreu o ato ecumênico no interior da Catedral.

 

Membro do Partido Comunista Brasileiro, o PCB os militares começaram a torturá-lo para obter nomes de mais militantes. Ao meio-dia, Vlado, como era chamado, estava morto. Para justificar a farsa, o fotografaram enforcado, sentado numa cadeira. No IML (Instituto Médico Legal), o rabino Henry Sobel ao preparar o corpo, conforme os rituais do judaísmo, notou diversos ferimentos e desmentiu os legistas de que Vlado tinha se suicidado.

Em 31 de outubro, seis dias após o assassinato do jornalista, o arcebispo emérito de São Paulo, cardeal dom Paulo Evaristo Arns, ao lado de Henry Sobel e do reverendo evangélico Jayme Wright, realizou um culto ecumênico em memória de Vladimir Herzog, na catedral da Sé, região central da cidade. Oito mil pessoas ignoraram as ameaças da ditadura, de que todos seriam metralhados se houvesse protestos, lotaram o interior da igreja e grande parte ficou na praça.

Era a maior manifestação pública de repúdio ao Regime Militar, que havia se transformado numa máquina de torturar e matar opositores, seja jornalistas, artistas, políticos, sindicalistas ou estudantes. Em 1978, a viúva Clarice Herzog, após conturbado processo, conseguiu que a União fosse condenada pelo assassinato de seu marido. Infelizmente, a Lei de Anistia, promulgada em 1979, deixou impunes os responsáveis pela morte de Vlado.

Em março de 2013, o governo brasileiro emitiu um novo atestado de óbito, determinado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, relatando que a morte de Herzog ocorreu devido a lesões e maus tratos sofridos durante seu interrogatório no DOI/Codi. Para que as gerações futuras nunca se esquecessem do horror da ditadura que retirou do poder, em 1964, o presidente João Goulart; a dupla João Bosco e Aldir Blanc compôs a música “O bêbado e a equilibrista”, em 1979, onde o nome de Clarice é citado, entre as pessoas que perderam entes queridos numa época tão triste para o Brasil.

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