Abismo social cada vez maior
Embora o ano de 2017 tenha marcado o fim da recessão e o início do processo de recuperação do mercado de trabalho, o Brasil ainda tinha 10.355 milhões de cidadãos vivendo com apenas R$ 40 por mês, em média. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A situação é ainda mais grave do que a verificada no ano anterior, quando a renda média mensal dessas pessoas alcançava R$ 49. Ou seja, os brasileiros mais pobres ficaram 18,4% ainda mais miseráveis. “Tem menos pessoas trabalhando, tem menos pessoas com carteira assinada, tem uma qualidade do emprego mais baixa. Embora a queda na renda seja estatisticamente estável, isso tem influência… Tudo o que o mercado de trabalho gerou de ocupação em 2017 foi voltado para a informalidade. A gente ainda não tem aumento no trabalho com carteira assinada. Isso influencia muito fortemente o rendimento da população”, justificou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Ao mesmo tempo, no topo da pirâmide, apenas 2 milhões de brasileiros, o equivalente a 1% da população residente, recebiam R$ 15.504 mensais, 387,6 vezes mais do que aqueles 10 milhões mais pobres.
A desigualdade aumentou em quatro das cinco grandes regiões do Brasil na passagem de 2016 para 2017. Mesmo no Sudeste, onde houve ligeira queda no Índice de Gini, o recuo na concentração de renda foi influenciado por uma precarização do emprego, que afetou postos mais qualificados e mais bem remunerados, apontou o IBGE. “Se isso está acontecendo, é uma queda na desigualdade por um motivo ruim. Todo mundo ficou mais pobre, não seria um motivo a se comemorar. Mas as perspectivas são melhores, com a recuperação da economia prevista para este ano através dos serviços e da indústria, que empregam mais. No ano passado, a retomada foi através da agropecuária. Com os serviços e indústria, haverá maior proporção de geração de postos formais”, avaliou Bruno Ottoni, pesquisador do IDados e do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas.
O Índice de Gini – indicador que mede a desigualdade de renda – referente ao rendimento médio real domiciliar per capita manteve-se em 0,549 em 2017. (Ver detalhes no quadro ao lado)
Índice Gini
Desigualdade social
Índice de Gini – Numa escala de 0 a 1, quanto maior o indicador, pior é a distribuição dos rendimentos.
Nordeste
2016 – 0,555
2017 – 0,567
Norte
2016 – 0,539
2017 – 0,544
Sul
2016 – 0,473
2017 – 0,477
Centro-Oeste
2016 – 0,523
2017 – 0,536
Sudeste
2016 – 0,535
2017 – 0,529
Distribuição de renda
- Em 2017, a massa de rendimento domiciliar per capita do país foi de 263,1 bilhões
- 43,3% ficaram concentrados nos 10% da população com os maiores rendimentos
- 5% da população trabalhadora com rendimento médio mensal de apenas R$ 47
- No ano anterior, esse rendimento médio era de R$ 76, o equivalente a uma redução de 38%.
- * Se todas as pessoas que têm algum tipo de rendimento no Brasil recebessem o mesmo valor mensal, ele seria de R$ 2.112
- A metade dos trabalhadores com menores rendimentos recebe, em média, R$ 754
Fonte: http://www.impresso.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/cadernos/brasil/2018/04/12/interna_brasil,186055/abismo-social-cada-vez-maior.shtml