‘Brasil está despreparado para competir com a China’, diz especialista
No início da tarde desta quarta-feira (13), Milton Pomar, o professor e especialista em China, debateu os impactos do país Chinês na indústria e empregos brasileiros. A análise faz parte do Seminário “Desafios da Indústria no Brasil e os Trabalhadores e Trabalhadoras”. O evento é organizado pelo Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento (TID Brasil) e Macrossetor da Indústria da CUT, com apoio da Fundação Perseu Abramo.
“Não estamos preparados para competir com a China. O lucro no Brasil é alto, nossa logística é inferior, os empresários de todos os setores da economia sempre priorizam a renda ao risco, sempre buscando recurso do Estado. Não temos competitividade com o chinês porque eles têm uma estratégia de indústria nacional com bancos próprios para investir em infraestrutura e logística”, afirmou. “Além disso, não temos estratégias e conhecimento sobre o país. Temos poucos brasileiros que moram na China e falam mandarim, ou seja, não temos informação sobre como lidar com o país”, completou.
Pomar também apresentou o projeto do governo chinês “Made in China 2025”, que tem o objetivo de transformar o país na maior potência tecnológica do mundo. “É um projeto que teve início em 2015 e tem duração de 30 anos. Os chineses vão reestruturar toda sua indústria tradicional manufatureira, vão intensificar a inovação tecnológica, reorganizar as empresas e a valorizar sua propriedade intelectual”, contou.
No entanto, Pomar lembrou que a China também apresenta vulnerabilidades, dentre elas, a principal é a questão ambiental. “Uma das razões da China diminuir seu crescimento foi por conta da poluição e a falta de água. E nisto estamos a frente dele”, disse. “Hoje nossa dor de cabeça é a China, mas amanhã será a Indonésia e a Índia”, completou.
Para o técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) da CUT Nacional, Leandro Horie, o diferencial da China é o planejamento com foco em ser uma liderança mundial. “O diferencial é o investimento em longo prazo com taxas baixas. O mercado chinês é menos volátil e consegue absorver os choques financeiros. A China está apostando no mercado interno, mas essa aposta tem limites físicos, financeiros e ambientais”, falou.